5º dia
Hoje o Papa vai ao Santuário de Fátima, espaço sagrado que marca o local onde Maria teria aparecido a três crianças. Todos os peregrinos com quem conversei relataram da emoção de ter estado neste lugar ou da expectativa do dia em que lá estariam.
Eu também já fui à Fátima. Mas, uma protestante em Fátima? Sim! Como também já estive no Santuário de Aparecida em São Paulo, Brasil, e no Santuário de Wittenberg, Alemanha, nos 500 anos da Reforma Protestante (2017).
Três espaços sagrados distintos apenas por serem os dois primeiros católicos e o terceiro protestante. Um observador comum veria nos três os mesmos ambulantes e lojinhas de souvenires religiosos vendendo camisetas, estátuas, colares e outras “bugingangas”.
Mas um observador da natureza humana percebe claramente a mesma emoção de um católico ao tocar o mais próximo possível da imagem de N.S. Aparecida e de um protestante ao se aproximar da porta que abrigou as 95 teses de Lutero, estopim da Reforma. Somos humanos e precisamos dos espaços sagrados que nos aproximam de Deus, onde O sentimos mais próximos de nós. Compreender isto é perceber-se no outro e ver o outro, o diferente em si. É abrir espaço ao diálogo inter-religioso.
Precisamos também muitas vezes dos objetos sagrados, como bebês espirituais que buscam conforto em um cobertor ou uma pelúcia. Nestes momentos, uma Bíblia ou um terço são revestidos da mesma intensidade sagrada e emotiva. E Deus, que é Pai, olha lá de cima para este “berçário” na Terra e sorri.
O Papa foi a Fátima. Eu já fui. Vá você também.
“O pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde acolha os seus filhotes; eu, os teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu!” Salmo 84.3
“Fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe, como essa criança é minha alma para comigo.” Salmo 131.2
Lidice Meyer