Jesus separou os doze discípulos à parte e explicou claramente o que aconteceria após sua entrada em Jerusalém (Mc 10.32-34) mas não foram os doze que compreenderam sua mensagem, e sim algumas mulheres que O seguiam e serviam. Antes da entrada triunfal em Jerusalém, Jesus foi até Betânia, cidade em que se sentia acolhido e amado por Maria, Marta e Lázaro, seus discípulos e irmãos na fé. Conhecendo já de antemão o sofrimento pelo qual em breve passaria, Jesus buscou o conforto junto aos amigos. E é em Betânia que será ungido duas vezes por mulheres. O primeiro relato é da unção realizada por Maria enquanto Marta servia a ceia a Jesus, Lázaro e aos discípulos. Maria se aproximou com cerca de ½ litro de um perfume que custava um ano de trabalho! E, ao invés de entregá-lo como oferta ao tesoureiro do grupo, Judas, abriu o frasco e derramou-o sobre os pés do Mestre, enxugando-os com seus cabelos. “E a casa encheu-se com a fragância do perfume” (Jo 12.3) e o coração de Jesus encheu-se com o amor daquela mulher: “Deixa-a! Que ela o tenha guardado para o dia da minha sepultura” (Jo 12.7). Um relato paralelo ocorre em Mateus (26.-13) e Lucas (14.3-9), mas desta vez, na quarta-feira santa, em casa de Simão, o leproso, também em Betânia. Dessa vez, a mulher é anônima, mas seu amor por Jesus é tão caro e forte como o de Maria e se materializa na unção da cabeça de Jesus com um perfume de alto preço. Um ato de amor e honra (Sl 23.5) mas também de fé na mensagem do Messias. Os discípulos agiram como Judas, sem perceber o simbolismo desse ato. Mas a unção pelas mulheres nos mostra como estas compreenderam que a missão de Jesus estava próxima de ser completada. É o próprio Cristo que afirma: “Ela fez o que pôde: antecipou-se a ungir-me para a sepultura. Em verdade vos digo: onde for pregado o evangelho, será também contado o que ela fez, para a memória sua.” (Mc 14.9)
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