
Lançado recentemente, o filme “Barbie” conta uma história baseada em uma boneca muito conhecida. Qual menina nascida após a década de 80 que não possuiu em sua casa uma ou mais Barbies e/ou suas réplicas chinesas? O enredo do filme é divertido, colorido, bem construído sobre uma fábula de uma boneca que quer ser gente (lembra Pinóquio), com bons atores e uma produção de primeira qualidade. Uma fórmula de sucesso para conquistar público e aumentar as vendas da boneca. Não me surpreende que a Warner Bros. Discovery tenha investido um orçamento de mais de R$ 480 milhões em sua produção e marketing.
O que me assusta é o marketing gratuito que tem sido feito nas redes sociais de evangélicos em todo o país! Uma discussão acirrada tem se levantado com alguns na defesa e outros no ataque ao filme e, suspeito que ambos os lados nem o tenham assistido. Não é a primeira polêmica evangélica em torno de um filme que supostamente vem corromper valores cristãos familiares. Há bem pouco tempo as séries de filmes “Nárnia” e “Senhor dos Anéis” sofreram o mesmo embate, apesar de serem criadas sobre a obra de dois autores cristãos!
Parece que alguns pais têm se esquecido que quem educa não é o cinema, a TV ou a internet. Que educa um filho são os pais! Não será um filme de cinema que mudará isto. Não é possível blindar nossos filhos sob uma redoma intransponível. Eles vivem e convivem com os mais diferentes estímulos e ideias. Cabe aos pais a difícil, mas também sagrada, tarefa de orientá-los e trazê-los de volta ao prumo quando se torna necessário (João 17.15).
Diante de tanta comoção causada pelo filme “Barbie” nas igrejas evangélicas, qual caminho você vai seguir com seus filhos:
Demonizar o filme, queimar a boneca e ampliar suas orações de esconjuro: - Queima, Senhor!
Ou
Com sabedoria e oração, como fez o Apóstolo Paulo, ver neste filme um tipo de “altar ao deus desconhecido” (Atos 17) no grande Areópago de Hollywood, que pode e deve ser aproveitado para uma boa conversa de pais e filhos sobre assuntos atuais e importantes em seus cotidianos, sob a luz da Palavra?
Sinceramente, eu escolho a segunda opção. E ainda convidaria a Barbie para participar da conversa.
Lidice Meyer Pinto Ribeiro Antropóloga Bíblica, Dra. em Antropologia, Professora no Mestrado em Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, Portugal.

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